16/07/2009

A importância da afetividade no desenvolvimento do bebê*


O bebê nasce antes do parto. Ainda dentro do útero, é um ser que se comunica, pede para ser reconhecido, encontrado e amado.

Lá dentro, estabelece uma relação com a mãe, enviando-lhe mensagens que causam sensações diversas, como fome, sede, ânsia, alegria, melancolia, ansiedade, esperança... Quando essas sensações são reconhecidas em sua importância e trabalhadas, a mulher é capaz de desenvolver todo seu potencial materno, fortalecendo o elo com seu bebê. Essa relação intra-uterina é muito importante, pois ali se estabelecem trocas que formarão sua memória sensorial, a partir da qual ele interpretará o mundo em seu redor.

Desde os primeiros momentos fora do útero, o bebê se expressa através dos cheiros, gostos, sons, do que vê e pode tocar a sua volta. Essa comunicação sensorial pode ser encorajada se seus pais, mas principalmente a mãe, o carrega, estimula, acarinha, transmite-lhe segurança e conforto, reconhece as mensagens emitidas e atende suas necessidades. Essa função exige mais do que amor, exige disposição e paciência, afeto e atenção. Assim se inicia a comunicação através da linguagem corporal e a função psíquica encontra o apoio necessário para se desenvolver a partir da vivência corporal.

Esse contato mãe-bebê favorece diversos aspectos importantes para aquela pequena vida, como: o pleno desenvolvimento das funções orgânicas básicas, como respiração, defesas imunitárias e digestão-excreção; a comunicação afetiva, propiciando sentimentos de conforto, confiança, proteção e reconhecimento da existência; prepara o acesso à linguagem e relação consigo mesmo e com outros; permite que o bebê diferencie seu mundo interno do mundo externo, garantindo sua integridade e segurança emocional.

E dessa forma, ele evolui da dependência absoluta para, gradativamente, atingir a dependência relativa e, por fim, a autonomia. Cada passo é importante e deve ser respeitado e encorajado através de sinais verbais e não-verbais. É importante a massagem diária, o olhar amoroso, o leite materno sempre que solicitado, o banho dado com atenção e afeto e a voz materna num tom e ritmo doce e confiante (a tonalidade e ritmo da voz materna provocam no corpo do bebê uma ressonância tônico-emocional que vai, aos poucos, preparando e estimulando a criança na sua própria expressão verbal).

Nesse sentido, o toque afetivo também é fundamental, pois ajuda o bebê a reconhecer-se e diferenciar-se. A pele é o mais extenso canal de comunicação, é o primeiro sistema sensorial a se tornar funcional. O corpo do bebê, através de suas manifestações emocionais, estabelece com o ambiente que o envolve um diálogo, onde o tônus muscular expressa os diferentes afetos. Ou seja, o estado tônico é um modo de relação. A tonicidade é ligada inseparavelmente à vida afetiva do bebê, é o tecido com o qual ele se liga ao mundo e primeiro à mãe. O espaço postural do bebê se enraíza no espaço corporal da mãe. Os movimentos expressivos que traduzem conforto/desconforto, demanda/satisfação, prazer/desprazer, vão se moldar, criando um código corporal, em função das reações corporais positivas ou negativas do meio maternal.

Assim, é fundamental que a mãe esteja preparada, disponível e receptiva às expressões do bebê. Pois quando o bebê se ente reconhecido e atendido, amado e respeitado, pode construir suas relações de forma positiva; será um indivíduo amoroso, seguro e consciente de sua identidade e seu valor diante de si mesmo e do mundo.

Nicole Passos


Nicole Passos é naturoterapeuta e anima as oficinas práticas de Shantala e Reflexologia do Espaço Aobä.

*Texto baseado na publicação “Relação Mãe-bebê” da psicóloga Silvana Sacharny.

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